analisando o conto
QUAIS SÃO OS PERSONAGENS :
-- O ESQUELETO
-- O REPORTER
-- A PROFESSORA
-- OS ALUNOS
-- O CACHORRO
-- OS BANDIDOS
-- AS PESSOAS DO BANCO
QUAL A SITUAÇÃO INICIAL :
Se eu fosse esqueleto não ia poder tomar água nem suco porque ia vazar tudo e molhar a casa inteira.
Tirando isso, ia acordar e pular da cama feliz como um passarinho.
QUAL E O CONFLITO :
É que ser uma caveira de verdade deve ser muito divertido.
Por exemplo. Faz de conta que um banco está sendo assaltado. Aqueles bandidões nojentões, mauzões, armados até os dentões, berrando:
- Na moral! Cadê a grana?
Se eu fosse esqueleto, entrava no banco e gritava: bu!
Bastaria um simples bu e aquela bandidagem ia cair dura no chão, com as calças molhadas de úmido pavor.
O gerente e os clientes do banco iam agradecer e até me abraçar, só um pouco, mas tenho certeza de que iam.
QUAL E O ENREDO :
Se eu fosse caveira, de repente vai ver que eu ia ser considerado um grande herói.
Fora isso, um esqueleto perambulando na rua em plena luz do dia causaria uma baita confusão. O povo correndo sem saber para onde, sirenes gemendo, gente que nunca rezou rezando, o Exército batendo em retirada, aquele mundaréu desesperado e eu lá, todo contente, assobiando na calçada.
Um repórter de TV, segurando o microfone, até podia chegar para me entrevistar:
- Quem é você?
E eu:
- Sou um esqueleto.
E o repórter:
- O senhor fugiu do cemitério?
Aí eu fingia que era surdo:
- Ser mistério?
E o repórter, de novo, mais alto:
- O senhor fugiu do cemitério?
- Assumiu no magistério?
- Cemitério!
- Fala sério? Quem?
Aí o repórter perdia a paciência:
- O senhor é surdo?
E eu:
- Claro que sou! Não está vendo que não tenho nem orelha?
ONDE E QUANDO OS FATOS ACONTECEM :
-- EM UMA METROPOLE
-- FUTURO
QUAL O TIPO DE NARRADOR :
-- O NARRADOR ESTA EM PRIMEIRA PESSOA
QUAL FOI O DESFECHO :
Todo mundo sabe que o maior amigo do homem é o cachorro.
O que a maioria infelizmente desconhece e a ciência moderna esqueceu de pesquisar é que o pior inimigo do esqueleto late, morde, abana o rabo, carrega pulgas e aprecia fazer xixi no poste.
E se eu fosse esqueleto e por acaso um vira-lata me visse na rua, corresse atrás de mim e fugisse com algum osso dos meus?
QUAL FOI O TEMA ABORDADO NESSE CONTO :
NOS ENTEMDEMOS QUE O GAROTO QUERIA SER UM ESQUELETO,MAS NÃO APENAS UM SUPER HEROI MAIS UM SUPER ESQUELETO
RICARDO JOSÊ DUFF AZEVEDO
Ricardo José Duff Azevedo (São Paulo, 1949) é um escritor, ilustrador e pesquisador brasileiro.1
É autor de mais de cem livros em uma carreira literária que estreou em 1980, com O peixe que podia cantar, recentemente "remexido" pelo autor e relançado (2006) pela editora SM.2
Ricardo Azevedo tem três filhos e publicou mais de cem livros infantis. O primeiro foi escrito quando ainda adolescente – tinha 17 anos – e foi batizado de Um homem no sótão. Seus livros receberam diversos prêmios e foram publicados em outros países, como Portugal, México, Alemanha e Holanda.1
Formado em comunicação visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), é mestre em Letras e doutor em Teoria Literária (USP). Até 1983, quando decidiu dedicar-se exclusivamente a escrever livros, trabalhou como publicitário, atividade que o ajudou a desenvolver seu texto e, ao mesmo tempo, compreender a linguagem visual.1
O escritor também é desenhista, autor da maioria das ilustrações de seus livros. Uma outra paixão, também presente em seu trabalho, é a cultura popular, da qual é pesquisador. Vários de seus livros abordam formas literárias sobre as raízes dos contos populares, mais especificamente dos contos maravilhosos e de encantamento, quadras, adivinhas: No meio da noite escura tem um pé de maravilha!, Contos de enganar a morte e Armazém do folclore, são alguns exemplos das influências da cultura popular na literatura infantil, todos da editora Ática.2
O interesse por questões relacionadas à cultura popular remete à infância de um menino criado entre os livros do pai, Aroldo de Azevedo, professor universitário, dedicado às questões culturais do Brasil. As histórias do escritor têm como tema central as discussões sobre a existência de diferentes pontos de vista. Em O livro dos pontos de vista (Ática), um cachorro, um gato, um sapo, uma menina e um menino, entre outros personagens, dão suas versões sobre a nada fácil convivência. No mesmo tom, seguem as obras, Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas (Companhia das Letrinhas) e Nossa rua tem um problema (Ática).2